O Prefeito da época Bento Abade de Freitas, natural de Rio Real
(Ba),chegou em Catu no dia 24 de janeiro de 1924. Casou-se com Maria Sá
Barreto de Freitas em 08 de maio de 1929, mais conhecida como dona Patú
(In memorian), companheira inseparável. Dessa união nasceram 14 filhos,
dois já falecidos. Abade faleceu aos 96 anos, em 09 de junho de 2001,
mas escreveu uma intensa história de amor com Catu, mesmo não sendo
filho da terra.
Bento Abade foi titular do Cartório de Escritura Pública. Foi
prefeito em dois mandatos, 1959 à 1961 e 1966 à 1970. Na segunda
eleição disputou o cargo ao executivo com o então candidato Gilberto
Alves de Araújo, vencendo pelo partido social democrático.
Um gestor exemplar considerando por muitos catuenses que tiveram
oportunidade de acompanhar sua forma exemplar e criteriosa de
administrar os recursos públicos.
Na primeira gestão, Bento Abade deu início as obras para estação de
tratamento de água, só então concluída na segunda gestão. Muitos foram
seus feitos por Catu, algumas de relevância como a construção do mercado
municipal situado à Praça Lourenço Olivieri, no centro comercial de
Catu.
No fim da década de 60, a economia da cidade passava por uma crise
aguda de retração, Abade providenciou trazer um caminhão de farinha de
mandioca do sertão para ser distribuído junto com uma cesta de alimentos
para as famílias carentes que passava fome, período que o Brasil
passava pela ditadura militar.
Everaldo Freitas, um dos 14 filhos de Bento, lembra de fatos que
marcaram a gestão de seu pai, a exemplo da distribuição de ferramentas
agrícolas e sementes para pequenos agricultores, fomentando a
agricultura familiar. Construiu uma das primeiras casas de farinha
elétrica do nordeste, trouxe ampliação da iluminação da cidade,
construiu a maternidade e escolas. Também distribuiu grande parte do
terreno da Santa Rita para os pobres.
Na lembrança de Everaldo há também um fato inusitado, “ certa vez
papai estava almoçando, quando chegou um homem mordido por uma cobra na
Fazenda Grotas próximo de S. Miguel (distrito), na cidade não possuía
serviço de ambulância, nem recursos necessários para atender o paciente.
Ele então colocou numa caçamba e acompanhou até Salvador para que
recebesse o tratamento adequado.”
Uma das festas mais populares da época, o micareta, Bento chegou a
contratar três trios elétricos para animar os foliões, o que na época
era um feito singular, já que o normal era um, no máximo dois. Veio
então o Trio Tapajós e o Dôdo e Osmar, renomadas atrações da época do
carnaval baiano. Os catuenses que não tinham oportunidades de ir ao
carnaval da capital, conheceram o tapajós e aproveitaram a festa.
Na época as escolas eram mantidas pelo estado, mas a prefeitura
administrada por Abade, não se acanhou em contribuir para as escolas
realizarem os desfiles cívicos.
Jamais um doente ficou sem remédio. No governo do prefeito Abade, a
prefeitura mantinha um convênio com a Farmácia. Tempos em que não
existiam políticas do governo federal e estadual para distribuição de
medicamentos para população carente.
O ano de 2018 é o sesquicentenário de emancipação política da cidade.
A esperança que não pode e não deve morrer, é que seja comemorado como
esta cidade merece.
Catu deve ser estruturada para o futuro! Pensada para que as
gerações vindouras encontrem oportunidades suficientes para construírem
uma sociedade igualitária, suplantada em uma economia diversificada e
sólida.
O resgate à memória da história da cidade, contribui para um futuro
em que as debilidades sócias econômicas do município, possam ser
superadas, escrevendo assim uma nova história através de um caminho
futurista, com políticas públicas eficazes que apontam a ascensão do
amanhã e fazem alusão ao passado áureo da cidade de economia fumangeira,
agrícola e das grandes petrolíferas que aqui chegaram por volta da
década de 40.
Que venham as indústrias, universidades, a cultura e a educação, a
arte, as cooperativas, mais projetos educacionais que proporcionem
menos marginalização social na cidade. Catu precisa ser mais do que é
hoje, para ser forte amanhã, optando por um caminho mais curto rumo ao
progresso. Não é fácil, mas é possível, para que assim como diz a última
estrofe do hino da cidade: “ Teus filhos hão de ver-te forte…Para a
grandeza do Brasil…”
Por Evanil Pinto / Site Catu Acontece / 2017