segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Catu: Clemente Mariani e o Prefeito Oscar Pereira


Clemente Mariani
Na década de 50, a influência de Clemente Mariani Bittencourt e sua família no Município de Catu era forte, sua família tem raízes históricas com a região desde o período da escravidão onde possuía um engenho onde atualmente se localiza a Fazenda API, que continua sob propriedade de sua família e há mais de 60 anos é especialista em criação de gado Nelore.

Banqueiro, político, empresário, advogado, professor e jornalista, Clemente Mariani Bittencourt participou ativamente da vida política e econômica do país durante décadas, tendo sido deputado federal, ministro da Educação, ministro da Fazenda e presidente do Banco do Brasil.


Nascido em Salvador, foi criado no município baiano de Catu, iniciando seus estudos com a avó paterna. De volta à capital, foi aluno do Ginásio Nossa Senhora da Vitória, onde fez o curso primário e iniciou o secundário, concluído no Ginásio Ipiranga.

Quando ministro, compareceu a vários eventos polítcos em Catu, junto ao governador da época Juracy Magalhães, principalmente sob o governo do prefeito Oscar Pereira de Souza(1947-1950) como veremos nas fotos a seguir:

 Crédito das imagens: CPDOC/FGV


No plenário da Câmara de Vereadores de Catu com os Deputados Federais Albérico Fraga, Manuel Novais, o governador Juracy Magalhães, o ministro Clemente Mariani, (6º) Lafayette Coutinho e o prefeito de Catu Oscar Pereira de Souza
Plenário da Câmara de Vereadores de Catu

Célia Lago discursando na Câmara de Vereadores de Catu

Vereadores de Catu recepcionam o ministro Clemente Mariani e o governador Juracy Magalhães

RUA ANTÔNIO BALBINO NO CENTRO DE CATU.


FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO "POSTO DE HYGIENE" PELO PREFEITO OSCAR PEREIRA DE SOUZA COM AS PRESENÇAS DO MINISTRO CLEMENTE MARIANI, GOVERNADOR JURACY MAGALHÃES, DEPUTADOS, ETC.






quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Quem foi ANTONIO DE DEUS SEIXAS


Dia 08 de abril de 1910 nascia Antônio de Deus Seixas.
Como todo menino catuense da sua época, viveu a sua infância de maneira bastante simples.

Como dizia, costumava brincar puxando um “dog” (peça de aço que fixava os trilhos da via férrea), vivendo a fantasia de quem puxava o carro do progresso que mais tarde haveria de vir.
Aos dez anos, certamente quando atingiu a altura de um balcão, deixou as brincadeiras e assumiu o seu lugar na mercearia do seu pai, Pedro Seixas.
No comércio, inicialmente na ladeira de pedra, passou grande parte da sua vida.

Interagiu com fregueses que lhe transmitiram todo o folclore e o imaginário do povo catuense.
Teve oportunidade também de conhecer os mascates e caixeiros viajantes que lhe ajudavam a ter uma idéia do que acontecia em outras plagas.
Após completar o curso primário, passou a estudar o que achava interessante para o seu desenvolvimento.

Trocou impressões e experiências com os veranistas que vinham a Catu periodicamente.
Achou que tinha, também, uma missão de ajudar no progresso da sua terra.  
Entrou para a política, tornou-se Vereador e Prefeito, enquanto tocava os seus negócios.
Negociou com tecidos, secos e molhados, ferragens e móveis e eletrodomésticos.

Em determinados momentos foi levado a topar empreendimentos inovadores, como a campanha que popularizou em Catu o fogão a gás, através de uma parceria que fez com a Brasilgás.
Levado por ventos inovadores, transformou a saudosa “Meridional” dos secos e molhados convivendo com materiais de construção e ferragens em supermercado, transferindo a parte comandada por Leal para um outro local.
Escrito por João Bosco de Oliveira Seixas

Uma catuense “ilustrada”: a história de Anna Ribeiro de Góes Bittencourt (1843-1930)

Por Marcelo Souza Oliveira

Parte I
D. Anna Ribeirto de Góes Bittencourt
A primeira romancista baiana se considerava uma legítima mulher catuense. Ela era também uma senhora de engenho, pertencente a uma das famílias mais antigas e poderosas da Bahia no século XIX. Uma escritora reconhecida em sua época, Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt (1843-1930), transpôs inúmeras barreiras: aprendeu a ler aos onze anos, depois de enfrentar uma grave doença nos olhos; ousou expressar em público suas opiniões, algo que era incomum para as mulheres de sua época; publicou vários poemas, contos, e seis romances, além de inúmeros artigos em jornais e revistas de Salvador; e depois de tudo isso deixou escritas, para publicação póstuma, a biografia de seu avô e sua autobiografia.

É difícil imaginar o que significa para uma mulher do interior que viveu no tempo em que no Brasil ainda existiam escravos, sair do seio familiar para publicar obras literárias nos maiores jornais da Bahia. Mesmo pertencente a uma das famílias mais poderosas da época, não era comum uma mulher sair do espaço privado para o público em nenhum lugar do Império brasileiro naquele tempo. Estamos falando de um período que vai desde 1882, publicação de sua primeira obra literária, intitulada Anjos do perdão, até 1921, quando publicou Abigail, pelo jornal soteropolitano A Bahia. É quase quarenta anos de carreira literária, fato que se torna mais impressionante se considerarmos que a sua carreira como escritora começou quando ela já tinha 38 anos de idade, depois que seus três filhos já estavam todos criados.

As memórias que D. Anna escreveu por volta de 1822 – posteriormente intituladas – Os longos serões do campo foram publicadas por seus descendentes em 1992, e foi uma das biografias mais vendidas daquele ano aqui na Bahia. Além disso, esses escritos são tidos como uma das mais ricas e detalhadas narrativas sobre o cotidiano e costumes do Brasil Império, feita por uma brasileira. Por esse motivo, Os longos serões do campo são até hoje utilizados não só por pesquisadores baianos, mas de todo Brasil e até da Europa.

D. Anna viveu desde a sua mais tenra infância numa casa-grande, vendo da sua varanda uma imensa lavoura de cana cuidada pelos escravos, primeiro de propriedade do seu pai e depois do seu marido. No salão do Engenho Api [1] sua família recebia constantemente barões e políticos importantes do Império. Entre os seus parentes figuravam alguns deles, como o Barão de São Miguel, o Barão de Araujo Góes e, possivelmente, o Barão de Camaçari [2]. D. Anna era uma senhora de engenho “abolicionista”, um termo que parece contraditório, pois ao mesmo tempo em que achava que os homens escravizados por sua família e seu grupo social deveriam ser livres, dependia imensamente do trabalho [escravo] desses mesmos homens. Uma obra vasta e rica, principalmente por expressar e trasmitir os sentimentos de uma época em que a Bahia conheceu o auge e a decadência da cultura de cana-de-açúcar para exportação, fundada no trabalho escravista.
Trajetória literária e (re)produção da realidade


Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt foi a primeira romancista baiana, num período em que o cânone literário baiano e brasileiro era dominado por homens. Propôs-se a produzir textos ficcionais com o intuito de “orientar” suas conterrâneas nos caminhos da “moral” e dos “bons costumes”. Escreveu artigos para vários periódicos da época destacando-se o Almanaque de Lembranças Luso-brasileiro e a Paladina do Lar – O primeiro publicado em Portugal, a segunda em Salvador.
A obra romanesca de Anna Ribeiro é vasta e diversificada e está dividida e: A Filha de Jephté (1882) e Abigail (1921) – e romances profanos – O anjo do perdão (1885), Helena (1901), Lúcia (1903), Letícia (1908) e Suzana (Inédito). Anna Ribeiro também produziu um livro de memórias intitulado Longos Serões do Campo (1992). Produziu ainda aproximadamente seis contos, vários poemas, três hinos religiosos e dezessete artigos. A obra de Anna Ribeiro teve ampla circulação em jornais de Alagoinhas e de Salvador. Jornais como A Bahia, Jornal de Notícias, O monitor publicaram algumas de suas obras entre 1882 e 1921. Os contos e romances eram publicados diariamente como são exibidas hoje as novelas da TV.

A literatura de Anna Ribeiro tinha a função de “retratar” a realidade e de educar as moças da elite baiana ante a nova realidade que se apresentava para os senhores do açúcar. Eram sempre lições de moral influenciadas pela forte ideologia católica, a qual D. Anna se declarava como crente fervorosa. Assim a visão de Anna Ribeiro sobre aquela época era semelhante ao olhar que ela imprimiu nas memórias: a visão de uma senhora de engenho. Nas narrativas literárias dela os senhores e senhoras de engenho são sempre heróis ou vitimas. Os ex-escravos “rebeldes”, “ingratos”, ou considerados “dignos”, quando continuam se “dedicando” aos seus ex-senhores. O governo é visto como o “grande vilão da história”, por não compensar os senhores do Recôncavo, pelas perdas com a libertação dos cativos em 13 de maio de 1888. As moças em Anna Ribeiro devem sempre obediência ao marido e a igreja. Ela deve ser rainha do lar e lutar pela moral e pelos bons costumes. Por outro lado, a literatura dela retrata de maneira singular a o Recôncavo, em particular os engenhos do Catu, no final do século XIX. Em Violeta & Angélica, por exemplo, ela parece oferecer um panorama de um engenho, “parecido” com engenho Api:


Corria o ano de 1888.

Era um domingo. Na varanda de sua vivenda campestre, passeava o Sr. Alfredo Bastos, com ar triste e preocupado, em contradição com sua fisionomia, habitualmente calma e prazenteira [...].
De vez em quando parava sofrendo a vista em redor de sua propriedade rural, bem cuidada e florescente. Não era um engenho, mas uma fazenda onde cultiva de tudo, inclusive a cana, que era moída em um engenho vizinho. A casa de morada vasta e cômoda, sem ostentar construção, era confortável e alegre.

Ao lado havia uma casa tosca onde se via o aparelho próprio para fabrico da farinha de mandioca, depósito de cereais, de fumo, etc. Do outro lado, um curral, tendo num dos ângulos uma pequena casa para prender os bezerros, fazia supor pela vastidão, a grande quantidade de vacas que ai eram conduzidas para fornecer leite, essa primorosa alimentação, que tanta abundancia proporciona as casa campestres.

No fundo da vivenda, um vastíssimo pomar, repleto de laranjeiras e outras arvores frutíferas, promovia também a abundancia e regalo da família.
O que, pois, dava causa às apreensões do bom lavrador?
É que se dera o golpe de estado, abolindo a escravidão ao Brasil, e ele temia pelos resultados já apreciados, ver a sua propriedade cair em decadência, pela falta de braços, e sua família querida experimentar as privações a que não estava habituada [...].
Muito sono, passado a sesta em macia rede, foi nesse tempo abolido!... Muita fronte lisa foi então sulcada pelas rugas dos cuidados!...

Era preciso entrar na luta da vida [3].


Neste trecho, a autora descreve uma situação onde o senhor de engenho se encontra preocupado, por causa da abolição dos escravos, pois, sem os “braços” dos negros, não poderia manter a lavoura e conseqüentemente o padrão de vida de sua família. Como o personagem desse conto, vários outros foram mostrados na literatura de Anna Ribeiro, mostrando sempre o senhor de engenho, como alguém “bonzinho” e “trabalhador”.

Na literatura, Anna Ribeiro conta a história da decadência dos senhores catuenses, cuja ascensão ela contou nas memórias. Assim ela utiliza duas modalidades de escrita para descrever momentos diferentes de sua vida e da história. Nesse entreato, ela apresenta uma Catu que poucos imaginariam que um dia existiu. Ela eterniza na escrita uma época marcante na História do Brasil. Não pode negar que ela foi uma personalidade que merece realmente ser lembrada, por ter sido uma mulher que ousou entrar num mundo dominado pelos homens, como era a literatura naquele momento. Por ser aparentemente contraditória como “abolicionista escravocrata”. Por ter deixado registros utilizados por pesquisadores contemporâneos de vários lugares do Brasil e até da Europa [4].
Num ato que parece ter sido profético ela certa vez afirmou: “O romance não é mais uma fantasia de imaginação das damas, porém sim uma obra séria, cujos detalhes são documentados, e na qual os investigadores do século próximo irão encontrar escrita, dia a dia, a história do nosso século” [5]. E o tempo do “cumprimento” dessa “profecia” chegou. [6]



NOTAS:


[1] O Engenho Api foi comprado em 1855 do senhor Hermenegildo de Azevedo Monteiro, por Mathias de Araújo Góes e Pedro Ribeiro de Araújo, [pai e avô materno de Anna Ribeiro]. Em 1872, a antiga casa-grande foi abandonada e construída a atual, que sofreu várias reformas, mas ainda pertence à aos descendentes da família, situando-se nos arredores do distrito de Bela Flor, Catu-Ba. Bahia, (Secretaria da Indústria e Comercio. IPAC-BA – Inventário de proteção do acervo cultural: monumentos e sítios do Recôncavo, I Parte. 2ª edição, Salvador, 1982. Pp. 57-58).
[2] Os três Barões referidos, Barão de Araújo Góes (1809-1878) - incentivador direto da carreira literária de Anna Ribeiro, foi responsável pelo prefácio do Visconde de Taunay ao primeiro romance de D. Anna intitulado A filha de Jephté -, o Barão de Camaçari (1828-1919) e o Barão de São Miguel (1840-1936). Os dois últimos foram grandes senhores em Catu sendo que as regiões onde ficavam suas propriedades levam seus nomes até os dias de hoje.
[3] BITTENCOURT. Anna Ribeiro de Araújo Góis. Violeta e Angélica. Jornal de Notícias, Nov/1906.
[4] Figuram entre os pesquisadores que utilizaram os escritos de Anna Ribeiro como fonte de pesquisa Walter Fraga Filho, Kátia Mattoso, Marina Maluf entre vários outros. (FRAGA FILHO, Walter. Encruzilhadas da liberdade: histórias de escravos e libertos na Bahia (1879-1910). Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006. MATTOSO. Kátia M. de Queirós. Une comtesse de Segúr: Anna Ribeiro. Cahiers du Bresil contemporation, Paris, n.19. 1992. MALUF, Marina. Ruídos da memória. São Paulo: Siciliano, 1995, entre outros).
[5] BITTENCOURT, Anna Ribeiro de Góes. In: A Voz da Liga Católica das Senhoras Baianas. Bahia: Tipografia Beneditina. ano IV, set. 1916. n. 6. p. 91-93.
[6] Além das referências já citadas ver também: OLIVEIRA, Marcelo Souza. Memórias de uma senhora de engenho: lembranças e esquecimentos nos Longos Serões do Campo, de Anna Ribeiro. In: Patrimônio e Memória.  UNESP. FCLAs – CEDAP, v.4, n.1, São Paulo 2008. Disponível em: http://www.assis.unesp.br/cedap/patrimonio_e_memoria/patrimonio_e_memoria_v4.n1/Artigos/senhora_engenho.pdf, acesso em 6 de fevereiro de 2006, às 22: 37h.

Imagem: Foto da escritora Anna Ribeiro, aos 30 anos de idade, tirada no ano de 1973.

Uma festa no palacete do Barão de São Miguel: poder e decadência (Catu, 1910)

  
  
A chegada da primeira república na Bahia demarcou uma era de “infortúnios” para a sociedade e, principalmente, para as elites. A Bahia para estes últimos deveria ser conhecida como “A Rainha do Norte” e “Atenas Brasileira”, duas referências a tradição da classe dominante baiana nos tempos coloniais e, sobretudo, imperiais. Com tradição ou sem tradição, o fato era que as elites baianas não gozavam do poder econômico e social de que foram conhecidos nos tempos da escravidão e do açúcar. Se no Império os políticos baianos tinham considerável poder junto ao governo nacional, na república esse poder havia sido relegado, sobretudo porque os estados de São Paulo e de Minas Gerais tornaram-se os grande financiadores da riqueza brasileira com a produção do café e do leite.
Nesse contexto, como podemos inserir a elite catuense? E a nossa comunidade como se inseria nesse momento? Bem, documentos da época nos mostram que o empobrecimento que assolou a sociedade baiana, refletiu sobre a comunidade de Catu.

No século XIX, Catu era uma das grandes promessas da economia de cana-de-açúcar baiana, contudo, as circunstancias internacionais, a falta de modernização da produção canavieira e a crise do escravismo impossibilitaram a não confirmação desta promessa.


Na República, Catu não passava de um lugarejo sustentado apenas pela produção de agricultura de subsistência, onde se destacava rapidamente a cultura do fumo. Mas os barões e coronéis e suas famílias continuavam a expor uma grandeza que não mais existia, juntamente com um espírito saudosista que denunciava a situação periclitante em que se encontravam. Observe um artigo publicado em 1910, pela Revista Brasileira, que destaca uma festa a fantasia, ocorrida em 26 de março daquele ano, no “palacete” do Barão de São Miguel um dia antes da páscoa:

Aleluia no Catu

Não passou despercebida, no seio da sociedade catuense, a data 26 de março findo, no memorável sábado de Aleluia.
A família catuense entendeu de divertir-se e divertir-se a valer.
Naquela noite ali queimando um robusto (Judas) Iscariotes, por entre custosos e belos fogos de artifício, precedendo à queima, um passeio a cavalo pelas ruas da Vila e um longo testamento, em versos, no qual foram todos e um longo muito aquinhoados (sic).
A assistência de espectadores, no largo da matriz e sob os clarões luminosos de esplendido luar, foi extra-ordinária!


As 10 ½ da noite, mais ou menos, realizou-se uma festa deliciosa no palacete do Sr. Barão de São Miguel – um animado baile a fantasia, o maior sucesso, gênero, que registra hoje crônica da vida catuense. A assistência seleta e numerosa, deixou antever, desde logo, o esplendor do baile que foi sempre muito animado até amanhã pela manhã de 27.
Desde a elegância das roupas a verve dos fantasiados, tudo denotava o fino gosto estético e o sentimento de arte eram as suas notas características.


O vasto palacete e sua sala principais, lindamente enfeitados por uma comissão de gentis senhoritas, repletos de luz, transbordando alegrias e entusiasmo, tinham um aspecto garrido.
Fantasias em trajes modestos, porém elegantes e graciosos, costumes caricatos, máscaras grotescas, outras fisionomias inocentes e ainda outras extravagantes, enchiam o vasto salão nobre e um espírito leve e sutil pairava naquele ambiente que os acordes do piano e de outros instrumentos musicais enchiam de ardentes alegrias.


Pastorinhas e príncipes, pierrôs e dominós, turcas e ciganas, bebês inocentissímos, tipos diversos, maneis de chapéu de fueiro, enfeitados e alegres como quem vai para os descantes e baleáricos de festa de aldeia, agitando-se todos no voltear das valsas ou em passeios no passo da consolação, deixaram-nos uma impressão que predomina ainda no nosso espírito.
Foi uma bela noite de prazer que nos fez deslembrar as tristezas do nosso peregrinar e o mourejar de todo o santo na cavação da vida.

Fonte: Revista do Brasil. Ano IV, nº. 20, Salvador-BA, 15 de abril de 1910. (Autor desconhecido)

A festa retratada pelo cronista desconhecido se deu na vila do Catu, após o findar de uma década muito negativa em termos de economia não só nesta cidade, como em toda a Bahia. De acordo com historiadores como Consuelo Novais Sampaio, nesses anos o estado foi marcado por sucessivas secas que deixava mais difícil a já complicada economia da região. Talvez por isso, o cronista desconhecido – pelo que se infere provavelmente um catuense correspondente da revista –, finalize o texto de maneira tão melancólica. O último parágrafo denota as possíveis dificuldades que se traduziriam em “tristezas do nosso peregrinar” e no “mourejar de todo o santo na cavação da vida”.

Repare o leitor que a leitura do texto nos leva a construção de imagens de uma festa glamorosa, em principio, mas que ao passar das linhas revela a simplicidade nas roupas dos “maneis dos chapéus de fueiros”. O que nos choca também é a descrição do “palacete” do Barão de São Miguel. Grande prédio com um salão onde teriam ficado vários instrumentos musicais, no qual o cronista destaca o piano, pela sua sofisticação. A descrição do salão do barão lembra aqueles da Salvador Imperial descrito pelo historiador Wanderley Pinho, nos tempos de “glória da Bahia”. Contudo, certamente ele só traria lembranças...
 
Foto: Paulino de Araújo Góis, agraciado com o título ( Dec 10.08.1888 ) de Barão de São Miguel. Membro de importante e tradicional família de origem portuguesa, estabelecida na Bahia. Nasceu em 22.09.1840 em Catu-BA e lá também faleceu a 18.02.1932. Casado a primeira vez, a 22.10.1859, com sua prima Joana Delfina de Araújo Góis, nascida em Catu e falecida a 02.04.1869, antes portanto da concessão do título ao marido.Casou-se pela segunda vez com sua prima Carolina dos Reis de Araújo Góis, nascida a 29.07.1860 em Catu-BA e lá também: falecida em 05.11.1936, Baronesa de S. Miguel. (Fonte: http://www.sfreinobreza.com/Nobs3.htm, ancesso em 14/03, ás 15:10h)

Créditos: Tiago Amorim

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Catu cidade que ficou conhecida por causa do petróleo

Catu sempre foi conhecida como cidade do petróleo, desde a descoberta do "Ouro preto", a cidade sempre foi berço de sua exploração tendo no seu auge forte presença da Petrobrás na região e ao longo dos anos atraiu várias empresas nacionais e internacionais que há anos atuam na região, como Halliburton, Baker Hughes, Schlumberger, MI Swaco, Expro dentre outras. No entanto diante da crise do petróleo e da desaleração de investimentos na exploração terrestre, houve uma grande perda econômica para a cidade e seus municípes.

Registros históricos da cidade de Catu

Capela do Povoado de Panelas


Escola e Capela Povoado de Panelas
Avenida Padre Cupertino, Centro.

Posto Médico da Praça Duque de Caxias


Carta escrita pelo Ex Vereador Eliseu Freitas ao Ex Prefeito de Catu Gilberto Araújo em 1986.


Nossas famílias tem raízes profundas de amizade e de parentescos; a mulher do Cel. Bento Freitas, chama-se Maria do Patrocínio Nabuco de Araújo Sá Barretto de Freitas, e as nossas vidas sempre foram vividas ao lado inarredável do Desembargador Pedro Ribeiro, Dr. Pedrito, Dr. Clemente, Drª. Clarita, Capitão Manoel Augusto de Araújo (Capitão Didí) Antoninho e demais familiares.

Quando eu fui a Apí em 1928, buscar 10 homens para arrombar a cadeia pública de Catu e soltar o nosso amigo João Beltrão, seu pai e meu amigo João de Deus Araújo (Ferro), filho da beata, me atendeu imediatamentee assim a diligência foi realizada satisfatoriamente. Iasinha Lago e os irmãos quizeram me acompanhar, no que não foi preciso.

Tomando de natural revolta, venho acompanhando na distância, pelo noticiario da imprensa escrita, falada e televisada, os acontecimentos nefastos de que foi vítimado o seu lar, as caladas da noite, levado a efeito por desordeiro e baderneiros ardilosos, máus-paridos e viscerais do crime, que na súcia da covardia infestam o nosso Catu, outrora pacato.
A justiça de Deus nunca falhou na vóz da história, aguardêmo-la.

Em nome da Vanguarda da Imprensa Universal-VIU, Associação da qual sou Presidente e no emu próprio, lanço por este meio, o meu veemente protesto ante tão covarde agressão que enlutou um lar, levando de certo, duvida não há de padecer, geral repulsa da população ordeira de Catu, contra a malta criminosa agrede preparada para chacinar bárbara e cruelmente indefesas pessoas no silêncio da madrugada, em plena reparação do sono afim de no dia a dia da vida, servir o próximo como a si mesmos.

Na plenitude do Natal e das festas de fim de ano, venho desejar à você, a magnífica consorte e demais pessoas da sua família, os meus melhores votos pela vigílância de Deus, na paz do seu lar e que os pássaros que cantam a musica do Pai maior, nas árvores da natureza, levem a todos os seus familiares a sinfonia magistral da tranquilidade e do afeto, sem o que, a vida não teria sentido, na magnitude da existência.

Esta é a resposta cristã, aos indivíduos sem Cristo.
Sra. Ieda, como ao próprio Gilberto, creia no meu indivisível respeito e an minha amizade perene.

Rio de Janeiro-Rj / Brasil
22 de Dezembro de 1986
Assino, Eliseu Freitas

Pesquisada por Tiago Amorim

Biografia de Catuenses

Biografia da Professora Ana Maria Pinto de Souza

Ana Maria Pinto de Souza, nascida na cidade de Catu, em 24 de janeiro de 1938, filha de Antonio da Luz Pinto e Antonieta dos Santos Pinto.
Cursou nesta cidade, na Escola Dr. Inocêncio Góes, o curso primário, indo mais tarde para a cidade de Santo Antonio de Jesus, onde fez o ginásio e curso de professora. Aprovada em concurso público, foi nomeada para exercer a função de professora da Escola Ana Bittencourt, hoje, Colégio Pedro Ribeiro Pessoa.Por indicação da saudosa professora Maria Claret da Matta, foi nomeada Diretora da Escola Dr. Inocêncio Góes durante dez anos e em seguida, nomeada delegada escolar, foi, Coordenadora Estadual de Educação.Aposentada continua em atividade a frente da Escola Nossa Senhora de Fátima (particular). Formada em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional e Administração Escolar pela Universidade Católica de Salvador.
Biografia da Professora Maria Claret da Mata

Maria Claret da Mata, filha do Sr. José Alberto da Mata e da Srª. Adélia Ferreira da Mata. Cursou o primário na Escola Dr. Inocêncio Góes, nesta cidade. Diplomou-se em professora pela antiga Escola Normal da Bahia e iniciou sua carreira de magistério na Escola Dr. Inocêncio Góes, sendo nomeada através de concurso.
Exerceu os cargos de diretora da Escola Dr. Inocêncio Góes e de primeira Delegada Escolar do Município de Catu, acumulando as duas funções, recebendo apenas uma gratificação. Foi responsável pelo ensino supletivo do curso de alfabetização para adultos, neste município na época em que o Prof. Clemente Mariani foi Ministro da Educação. Foi Presidente da Legião Brasileira de Assistência por indicação do Prefeito Elias Medeiros, prestando assistência às famílias dos pracinhas catuenses que lutavam nos campos da Itália.
Por 12 anos trabalhou na Biblioteca Escolar Cônego Diamantino  e da Ex-escola Ana Bittencourt, após ter feito o curso intensivo de biblioteconomia, ministrado pela Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal da Bahia.
Exerceu também a função de fiscal do Curso de Pedagogia do Ginásio Monsenhor Barbosa, na cidade de Mata de São João, cargo que exerceu acumulando com o de bibliotecária, nesta cidade, percebendo apenas um salário.
Participou de três cursos intensivos de catequese do 2º Grau, promovidos pela Arquidiocese de Salvador nos Colégios Salete, Mercês e Centro de Treinamento de Itaparica, ministrando aulas de catecismo nas escolas públicas locais, particulares e na Paróquia Senhora Santana do Catu.
Faleceu em 25 de setembro de 1997, nesta cidade.
Biografia da Professora Helena de Araújo Lima

Helena de Araújo Lima, filha do Sr. José Cupertino de Araújo Lima e da Srª. Maria Alexandrina Silva, nascida em 20/03/1914 na cidade de Catu-Bahia.
Cursou o primário na Escola de D. Nenê, hoje, Escola Isabel de Melo Góes. Diplomou-se professora em Salvador nos Perdões, sendo nomeada para a Escola Dr. Inocêncio Góes, onde exerceu o cargo de Diretora. Dedicou sua vida a educação e a igreja. Sendo muito religiosa, foi catequista.
Faleceu em 20 de junho de 1986 deixando uma lacuna muito grande, sendo homenageada pós-morte tendo seu nome colocado em uma escola municipal, nesta cidade.

Biografia do Dr. Inocêncio Marque de Araújo Góes

Dr. Inocêncio Marque de Araújo Góes Júnior, nascido a 7 de outubro de 1839, em Santo Amaro, Estado da Bahia. Filho de Inocêncio Marques de Araújo Góes - Barão de Araújo Góes e Maria Francisca Calmon Du Pin Abreu e Góis. Neto do Coronel Inocêncio Marques de Araújo Góes. casou-se com D. Maria Constância da Cunha Góes, porém não tive filhos. Figura ilustre na alta sociedade baiana, nos meios políticos, jurídicos e sociais.

Formado em Direito em 1861 pela Faculdade de Recife e São Paulo. Soube marcar sua vida pública com grandes exemplos de integridade e coragem, na defesa, sobretudo dos interesses da Bahia. Foi Deputado junto a Câmara Geral, do Império de 1872 a 1877, de 1885 a 1889 Presidente da Província de Pernambuco. Foi Juiz de Abrantes e Mata de São João.

Não aderiu ao Partido Republicano, conservando-se na Monarquia. Ao ter se afastado da política, dedicou-se a advocacia.

Faleceu em 3 de abril de 1897 na capital baiana.

Em 11 de dezembro de 1927, sendo na época Governador do Estado, Dr. Góes Calmon e como Prefeito Municipal Oscar Pereira de Souza foi inaugurou o Grupo Escolar Dr. Inocêncio Góes, homenageando a este ilustre brasileiro.

Fonte: Livro Serões do Campo – Vol. 2
Autora: Ana Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt

 BIOGRAFIA DO BARÃO DE SÃO MIGUEL

O barão de SÃO MIGUEL foi Paulino de Araújo Góis, major da Guarda Nacional.
Paulino de Araújo Góis - agraciado com o título ( Dec 10.08.1888 ) de Barão de São Miguel. Membro de importante e tradicional família de origem portuguesa, estabelecida na Bahia. Nasceu em 22.09.1840 em Catu-BA e lá também faleceu a 18.02.1932. Casado a primeira vez, a 22.10.1859, com sua prima Joana Delfina de Araújo Góis, nascida em Catu e falecida a 02.04.1869, antes portanto da concessão do título ao marido.Casou-se pela segunda vez com sua prima Carolina dos Reis de Araújo Góis, nascida a 29.07.1860 em Catu-BA e lá também: falecida em 05.11.1936, Baronesa de S. Miguel.

 Poetas da terra que não podem ser esquecidos


Dalmiro Ribeiro Pessoa

Reencarnei aos 18 dias do mês de setembro do ano de 1940, no aprazível município de Catu, filho de Astério Ribeiro Pessoa e Zelice Ribeiro Pessoa, vivendo um bom período da minha infância no bucólico distrito de Sitio Novo, transferindo-me na década de 50 para a capital do estado com o propósito de militar nos melhores colégios, dos quais não conseguir êxitos por negligencia própria, adquirir alguns diplomas na Universidade da vida. Desta é que adquirimos valores que outros aprendizados não nos proporcionam, regressando na década de 60 ao município de Catu, enveredei-me na política, eleito para representar o povo na Câmara municipal, no período de 1976 a 1982. Como artista plástico concorri em 1972 a um festival de artes plásticas, realizado nesta cidade, obtendo o 2º lugar; com a tela intitulada “Índios Bolivianos na travessia do lago Titicaca”. Como escritor o meu fraco é as crônicas, contos e poesias. Participei das antologias Poetas da Terra – Volume 1 e 2.
Agradeço a Deus por ter reencarnado, numa matéria que aos 6 anos de idade ficou deficiente, conscientizando-me por tudo o que tenho sofrido, pois a dor é aguilhão que nos impulsiona para mais perto de Deus.

 

Lycia Maria Leal Ferreira

Lycia Maria Leal Ulm Ferreira, nascida em Salvador – Bahia, em uma manhã de mês da primavera, setembro dia 6, filha de Ariovaldo Honório Ulm da Silva e Profª. Ilda Leal Ulm da Silva, pais abnegados e maravilhosos “os melhores do mundo”.
Ama os amigos, a família, a cidade de Catu “que adotou”, a natureza, o sol praia, céus, flores crianças e a humanidade em geral. É espiritualista trabalhando no Centro Espírita Caminho da Verdade desde 1971, onde ensina evangelho às crianças.
Desde a mais tenra idade faz poesias e acha mesmo que já nasceu fazendo versos...
Lembra de poesias que fazia aos seis anos. Tem poesias publicadas em varias coletâneas e jornais. Poetisa internacional participando de uma coletânea nos Estados Unidos, Editora da Universidade do Colorado e uma Biografia; poesia vestida para o inglês e publicada na Coréia em 1989; “poetas mundiais” (1990), e varias inéditas entre as quais está escrevendo “poemas do evangelho”.
Professora de Francês pela faculdade Federal da Bahia, e no fórum da comarca de Catu exerce as funções de Oficial do Registro de Imóveis, títulos e documentos.


Biografia de Manoel Gregório de Freitas

Manoel Gregório de Freitas nasceu em Catu (BA) no dia 23 de dezembro de 1880, filho de Manoel Domingos e Maria Josefa do Amor de Freitas.Casou-se com Rosa Ribeiro de Freitas, residia com a família na fazenda de sua propriedade, denominada varões no município de Catu (BA). Durante sua vida foi homem de grande prestigio político, honesto e trabalhador, vindo a ser entendente por um determinado período concedido pelas autoridades da época. Eleito vereador pela União Democrática nacional (UDN) para o 1º mandato de 1948 a 1950, sendo reeleito para o período de 1951 a 1954. Como cidadão catuense, influente na política local, foi lhe concedido pelo juiz da comarca Dr. Adelino, levar urnas eleitorais e autoriza que a votação se realizar se em sua propriedade rural. Alem disso, o Sr. Juiz dava-lhe plenos poderes para solucionar pequenas causas como: Questões da região, desarmonias familiares as quais resolvia solucionar plenamente. Dotado de grande experiência, dava os primeiros socorros aos necessitados de encanar braços, pernas, tratar tumores, prestando serviços à comunidade.
O patriarca dinâmico foi desanimado, perdendo as forças para lutar e teve que ceder a doença que não lhe poupou até a morte vindo a falecer no dia 28 de agosto em 1960 em sua cidade natal. Ciente do ocorrido, autoridades e políticos anunciaram em rádio, publicaram em jornais e o prefeito da época decretou feriado e luto na cidade.
Manoel Gregório de Freitas recebeu homenagem póstuma de seus amigos Drº Clemente Mariani, fechando o banco da Bahia em Catu, Juracy Magalhães e outras autoridades que enviaram capelas e muitas delas se fizeram presentes em seu velório, seu corpo foi velado no salão nobre da câmara de vereadores em Catu.
Nos dias atuais sua memória está perpetuada com as seguinte inaugurações:
·    Rua Manoel Gregório de Freitas, no bairro Boa Vista na Cidade de Catu. ·    Gabinete Manoel Gregório de Freitas na Câmara de Vereadores de Catu. ·    Prédio escolar com seu nome na fazenda varões. ·    Consultório de Oncologia Manoel Gregório de Freitas, em Salvador (BA), no hospital Aristides Maltez.

Demonstrando o grande homem de caráter irrepreensível que Catu honrra te-lo como filho.
Os dados acima foram obtidos pelo jornal de circulação nacional e registros histórico.

Biografia de Oscar Pereira de Souza


Catuense nascido na localidade de Riachão dos portugueses (hoje Riachão do zezinho), zona rural de Catu, descendente de família de proprietários e produtores rurais. Foi próspero comerciante e também produtor principalmente de fumo produto que ajudou a atrair compradores estrangeiros que se estabeleceram na cidade principalmente os de origem alemã.No comercio Oscar Pereira associou-se a Zezé da Matta, formando grande grupo de distribuidor de alimentos e mantimentos.

Oscar assumiu a prefeitura em dois mandatos sendo considerado um dos maiores prefeitos do município, para o qual atraiu políticos do porte de Góes Calmom, Clemene Mariani, Juracy Magalhães, dentre outros, fortalecendo laços políticos fundamentais para desenvolvimento do município. Sob seu mandato foram construídos: a primeira escola pública, a primeira ponte sobre o rio catu, alêm de muitas escolas rurais. Seu prestígio político era tamanho que mesmo sem ser prefeito o Governador da época confiou-lhe a construção do atual prédio do atual prédio da prefeitura.

Rua Des. Pedro Bittencourt - Centro



Rua Desembargador Pedro Bittencourt - Ponte sobre o Rio Catu - Centro da cidade - Ano desconhecido

Acervo IBGE

Rua 2 de Julho - Centro - Catu-BA

Ano desconhecido, acervo IBGE


HISTÓRIA DA FESTA DE INDEPENDÊNCIA DA BAHIA EM CATU
 

Centro da cidade de Catu na década de 60 provavelmente





Acervo: IBGE
Ano desconhecido.
Provavelmente fotos registradas na década de 60 ou 70.